Empatados:
Um junho como nunca se viu
A pouco mais de 100 dias da eleição, José Serra e Dilma Rousseff estão em equilíbrio absoluto nas pesquisas. É a primeira vez que se vê no Brasil uma disputa tão renhida. Com a ajuda dos principais especialistas em pesquisas eleitorais do país, VEJA mostra o que pode ser determinante para decidi-la
Fotos Fernando Donasci/Folha Imagem e Sergio Lima/Folha Press | ||
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José Serra e Dilma Rousseff protagonizam hoje a campanha presidencial mais apertada que o Brasil já viu. A pouco mais de três meses do dia da eleição, o tucano e a petista estão rigorosamente empatados nas disputas de intenção de voto. Cada um conta com 37% da preferência dos brasileiros, segundo o Ibope e o Datafolha. Esse quadro de equilíbrio entre os dois candidatos principais no mês de junho é uma tremenda novidade na política nacional. Em quatro das últimas cinco disputas presidenciais, o nome que saiu vitorioso ao final do pleito foi o que liderava as pesquisas neste período do ano. A única exceção se deu em 1994. Naquela eleição, Fernando Henrique Cardoso estava atrás de Lula em junho, mas chegou à frente em outubro. A disputa, no entanto, teve um fato atípico, além de histórico: o Plano Real, um tiro fatal contra a hiperinflação que atraiu milhões de votos para o tucano. Mesmo assim, FHC já apresentava uma curva ascendente em junho, indicador de que sua candidatura logo chegaria à liderança. Desta vez, contudo, os índices estão parados, o que faz da evolução do quadro eleitoral um enigma até o momento. VEJA analisou, com a ajuda de quatro especialistas em pesquisas, os cinco últimos pleitos para presidente da República (veja o quadro sobre os mitos e as verdades das campanhas abaixo). Com base nessa análise, é possível afirmar apenas que, a se repetir a dinâmica registrada em todas as disputas anteriores, os próximos dois meses serão decisivos para o resultado da eleição. Se um dos favoritos tomar a dianteira até julho, e conseguir mantê-la em agosto, suas chances de vitória serão altíssimas. Não há um único caso na história recente do Brasil de uma virada conquistada depois do mês de agosto, quando começa o horário eleitoral gratuito.
Na semana passada, as principais candidaturas oficializaram sua entrada na campanha. José Serra chega a esse período crucial com pelo menos dois bons motivos para se preocupar e outros tantos para se sentir aliviado. O assunto mais incômodo para o tucano é a (in) definição do nome de seu companheiro de chapa. Depois que Aécio Neves desistiu de vez de ocupar o posto, o PSDB deparou com a falta de um nome consensual – e chegou à sua convenção com a chapa incompleta. O crescimento de Dilma nas pesquisas também ocorreu num ritmo mais rápido do que esperavam os tucanos. Nas previsões do PSDB, o empate entre os candidatos se daria apenas no início de agosto. Mas as pesquisas também revelam dados animadores para Serra. O primeiro é que, desde dezembro, ele se mantém na faixa de 40 pontos porcentuais, com pouquíssima oscilação. Isso significa que não perdeu eleitores para Dilma: a petista cresceu sobre outras faixas do eleitorado. Outro dado animador para o PSDB é que a maioria dos eleitores que pretendem votar no tucano diz que o conhece bem. Isso reduz o risco de que eles troquem de candidato até a eleição. Serra, portanto, está firmemente assentado sobre uma montanha de 49 milhões de votos – um capital eleitoral que, creem os tucanos, vai crescer agora, com o início dos debates, sabatinas e aparições em programas de TV. "É a fase de comparar os candidatos, um terreno em que levamos larga vantagem", diz Sérgio Guerra, presidente do PSDB. "Tanto assim que o PT já começou a esconder a Dilma, que cancelou a participação em vários debates."
O fato de ter conseguido chegar em junho cabeça a cabeça com o rival tucano aumentou a confiança da candidata do PT. Ela estaria mais satisfeita, porém, se não tivesse tido de gastar as
últimas semanas empenhando-se em contornar as lambanças de sua equipe, parte da qual foi abatida em pleno voo de araponga enquanto preparava mais um "dossiê" contra os tucanos (veja a reportagem). A animar a tropa petista, porém, estão números que, na interpretação do partido, mostram que há um quinhão do eleitorado pronto para ser abocanhado por Dilma. Segundo o Datafolha, 11% dos eleitores brasileiros estão dispostos a votar no candidato do presidente Lula, mas ainda não sabem que esse candidato é Dilma. Se conquistar esse grupo nas próximas semanas, ela poderá alcançar a liderança isolada. "As pesquisas são favoráveis, e o crescimento do PIB a 9% reforça a tendência do voto pela continuidade", diz o presidente do PT, José Eduardo Dutra.Com reportagem de Otávio Cabral, Ronaldo Soares, Gabriele jimenez e Marina Yamaoka
Um comentário:
O portal de história de cara nova.
Cerca, bola rolando, ovos e tomates...
Parabéns, Portal de História!
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